Atingires a reforma antecipada é algo que te atrai?
Num passado não muito distante, as pessoas costumavam ficar presas no mesmo emprego por 40-50 anos - de certa forma, isto ainda se vê nos dias de hoje. Depois deste grind de décadas, reformavam-se, e gastavam os seus últimos anos a “aproveitar a vida”. Mas nas últimas 2 décadas houve uma grande mudança na maneira como as pessoas encaram esta meta na sua vida.
O movimento IFRA (Independência Financeira, Reforma Antecipada), ou FIRE (Financial Independence, Retire Early, em inglês), originalmente criado nos Estados Unidos na década de 90, tem vindo a crescer em popularidade. E passou agora a ser uma das 3 principais metas financeiras dos Millennials e da Generation Z.
Honestamente, quem é que não gostaria de se reformar mais cedo, realmente aproveitar a vida, sem ter que se preocupar com o seu salário? Para além disso, com o aumento da idade de reforma (resultante parcialmente do aumento da esperança média de vida) e com a redução do valor das pensões (será que vai haver mesmo?), esta será certamente uma opção de estilo de vida atraente para muitos. Mas como consegues atingir o IFRA?
O que é que o IFRA significa para ti?
Começa por perguntar-te: o que é que a independência financeira, ou uma reforma antecipada, significa para ti?
Para muitos de nós, reforma é sinónimo de não ter que trabalhar mais. Mas isso não significa necessariamente ter que passar o resto da vida a cuidar do jardim, ou a contar os átomos de oxigénio!
E talvez ainda queiras trabalhar, mas de forma diferente. Trabalhar um ano, tirar um ano de férias. Ou até fazer menos horas diariamente, ou trabalhar só alguns dias por mês. É tudo uma questão de ter escolhas e poder viver sem restrições e sem pressão social.
“Antecipada” terá um significado diferente para diferentes pessoas. A idade média de reforma está entre os 60 e os 65 anos. Para alguns, serão 40 anos, para outros, 50 anos. Com um pouco de sorte, para uma minoria serão 30 anos.
Vai depender muito de quanto dinheiro precisas para atingir este objetivo, e de quanto tempo tens para poupar e investir.
Quanto precisas para te reformar mais cedo?
A boa notícia é que não é assim tão difícil como pode parecer. E não precisas de ser rico para desfrutar de uma vida financeiramente independente. Mas vai exigir que sejas frugal com os teus gastos, e inteligente com os teus investimentos.
O caminho normal para a reforma, se começares aos 20, é de poupar 15% do teu ordenado durante 40 anos. Contudo, este caminho não funciona para uma reforma antecipada.
Então, vamos lá ver o que realmente é preciso: primeiro precisas de pensar sobre onde te queres reformar, que tipo de vida queres levar e quanto vais precisar, a cada mês, para cobrir as tuas necessidades básicas: casa, comida, contas.
De seguida, deves considerar outras despesas: restaurantes, viagens, e outras despesas que caiam fora das necessidades básicas. Quando descobrires qual é o número mágico, está na hora de pensar sobre de onde virá esse dinheiro. Existem 2 (ou 3) maneiras de alcançar a independência financeira:
Poupar uma quantia grande o suficiente para os teus custos de vida;
Gerar renda passiva suficiente para cobrir estas despesas;
Ou podes sempre fazer uma combinação de ambos.
E depois o que fazes com isto? A fórmula mais comum utilizada pelas pessoas que querem atingir o IFRA é a regra dos 4%. Esta regra diz que se puderes resgatar, com segurança, 4% das tuas poupanças a cada ano, durante um período de 30 anos, não corres o risco de ficar sem dinheiro.
Por exemplo, vamos pegar no exemplo de alguém que se reforma com € 1,5M de património. Esta pessoa poderia gastar, com segurança, € 50K por ano nos próximos 30 anos. Isto é claro, uma simplificação, visto que não tem em conta outras variáveis como, por exemplo, a inflação.
Contudo, isto é também assumindo que o património dessa pessoa não está investido num produto financeiro apreciativo. Porque, caso esteja, então as contas seriam diferentes. Assumindo que o ativo de qualidade aumenta em valor, em média, cerca de 7% ao ano, uma taxa de resgate de 4% seria sempre inferior ao valor de apreciação. Logo, o património nunca iria diminuir. Mais uma vez, isto é uma simplificação, visto que os mercados financeiros sobem e descem constantemente, e o valor de 7% não é nunca garantido. Haverá anos de maiores ganhos, assim como anos com ganhos quase nulos, ou possivelmente negativos.
Qual é o próximo passo então?
Poupar, e investir. Algo que já falei largamente no Mealheiro, e sobre o qual não me vou prolongar. Contudo, se queres fazer contas à vida para tentares perceber quão longe, ou perto, poderás estar de atingir o IFRA, usa a calculadora abaixo para saber:
Se tiveres mais interesse neste movimento, aconselho-te a ires dá uma espreitadela aos AMAs realizados pelo David Almas no Reddit r/literaciafinanciera: 29 de maio de 2020, 21 de maio de 2021.
Antes de me despedir, ficam aqui os passos básicos para tentares controlar as tuas finanças pessoais:
Revê os teus hábitos de consumo
Paga as tuas dívidas/créditos
Cria um fundo de emergência
Tenta poupar e investir, pelo menos, 25% do teu ordenado
Aumenta o teu património até conseguires retirar 4% ao ano, durante pelo menos 30 anos.
E lembra-te sempre:
Não gastes hoje, poupa para amanhã.
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