Se te dissesse que te queria dar um determinado montante em dinheiro para mudares a tua vida, qual seria o montante mínimo para isso acontecer? €100? €1.000? €10.000? Mais?
É interessante pensar nisto, porque nos ajuda a perceber que certas quantidades de dinheiro vão fazer pouca diferença na forma como vivemos a nossa vida. Há um limiar (embora bastante subjetivo) que separa aquilo que é um ganho sobre o qual não pensamos, com um que nos faça refletir.
Se eu oferecer €1.000 ao Jeff Bezos, ele provavelmente vai ficar a olhar para mim, incrédulo, e agradecer os trocos que acabei de lhe dar. Contudo, se oferecer a mesma quantia a alguém que recebe o salário mínimo, esses €1.000 vão certamente fazer muita diferença para a pessoa que os receber.
A partir de um certo nível de riqueza mais, ou menos, dinheiro pouco ou nada irá acrescentar à tua vida. Não melhora, nem piora. É simplesmente meh.
Num episódio de How I Built This, perguntaram ao Stewart Butterfield (fundador do Slack, e bilionário): “Isso (ser bilionário) elimina o stress na tua vida? Isso significa que tudo está definido e resolvido?”. A resposta dele foi, no mínimo, interessante. Ele respondeu a dizer que considera que existem 3 níveis de riqueza:
Não me importo com dívidas: deixas de te preocupar com dívidas de cartão de crédito ou empréstimos;
Não me importo com o custo das coisas nos restaurantes: quanto gastas numa refeição deixa de ser uma preocupação;
Não me importo com o custo das férias: o preço de um hotel, ou de um bilhete de avião, passa a ser irrelevante.
Esta escala peca num sentido: não considera um nível 0 de riqueza. O Nick Maggiulli expande no conceito dos 3 níveis, adicionando outros por forma a considerar um limiar mínimo e máximo de riqueza:
Salário a salário: estás consciente de cada cêntimo que gastas;
Liberdade nas compras: os custos de supermercado são irrelevantes;
Liberdade na restauração: os custos em restaurantes são irrelevantes;
Liberdade para viajar: os custos com viagens são irrelevantes;
Liberdade na compra de casa: o custo de uma casa é irrelevante;
Liberdade filantrópica: podes doar dinheiro sem problemas, e assim causar um impacto positivo no mundo.
Cada um destes níveis vai estar certamente relacionado com vários fatores sociais, culturais, e económicos de cada pessoa e do sítio onde vivem. Embora haja uma ideia geral sobre que níveis de riqueza possam representar cada nível, estes podem sempre variar.
E é aqui que entra a regra dos 0,01%. 0,01% da tua riqueza é uma boa forma de calcular qual é a quantidade de dinheiro que para ti seria trivial gastar, e pela qual não te irias preocupar muito. Por exemplo, se tiveres um património de €10.000, 0,01% disso seria €1. Logo, qualquer gasto com um valor igual, ou inferior a esse, será indiferente para ti. Extrapolando para outros valores:
€1.000 → €0,1
€10.000 → €1
€100.000 → €10
€1.000.000 → €100
€10.000.000 → €1.000
€100.000.000 → €10.000
€1.000.000.000 → €100.000
Esta forma de olhar para o teu património pode ser interessante no momento de tomar grandes decisões (comprar uma casa, ou aceitar um novo trabalho), ou de decidir uma estratégia de investimento. Pensa sempre quais são os teus limiares máximo e mínimos de gastos (ou ganhos), de acordo com aquilo que tens e aquilo que podes perder, ou ganhar.
Mas lembra-te sempre que tudo isto é subjetivo e deverá sempre ser adaptado ao teu contexto pessoal.
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