For the past 33 years, I have looked in the mirror every morning and asked myself: 'If today were the last day of my life, would I want to do what I am about to do today? ' And whenever the answer has been 'No' for too many days in a row, I know I need to change something.
Steve Jobs
Há uns belos anos, já não sei bem quantos, li a citação acima algures. Embora bastante cliché, na altura deixou-me a pensar. E levou-me a criar um lembrete recorrente no meu telemóvel que todos os dias, de manhã, mostrava-me o seguinte:
Anos passados, e por resultado do acaso, descobri o conceito de memento mori. Esta expressão traduzida do Latim significa, literalmente, “Lembra-te da morte”. A mensagem que pretende transmitir é a de que nós, como seres humanos, devemos refletir constantemente sobre a nossa morte, dado que essa é a única coisa que sabemos ser inevitável. Esta reflexão torna-se então numa ferramenta que nos ajuda a definir prioridades e a dar um significado à vida. A morte não torna a vida sem sentido. Antes pelo contrário, dá-lhe sim um propósito.
Como resultado desta descoberta, e do caminho por onde isso me levou, acabei por fazer a minha primeira, e única (até ao momento), tatuagem. Tatuei memento mori no braço. Apercebi-me que já “carregava” esta ideia comigo há bastantes anos, em forma de lembrete no telemóvel e decidi marcá-la indefinidamente.
Mas porque é que isto interessa?
O estoicismo e o dinheiro
A história que contei acima levou-me a descobrir o estoicismo. Uma das ideias base do estoicismo parte do princípio de conseguir identificar aquilo que está dentro do nosso controlo e o que está fora. Se podemos controlar, então podemos e devemos tomar uma decisão quanto a isso (ficar no limbo da indecisão é uma decisão por si). Se não podemos controlar, então não nos devemos preocupar.
Isto, por si só, vale de pouco para alguém que esteja a ver de fora. É muito fácil dizer “Faz isto, não te preocupes com aquilo”, mas o mundo é muito mais complexo do que isso. O que me leva a outra ideia base do estoicismo: o controlo das nossas emoções. Sabermos controlar as mesmas, em momentos críticos da nossa vida, aliado a um claro entendimento do que nos rodeia (o que podemos controlar vs o que não podemos controlar), ajuda-nos a ser racionais e pragmáticos. E isto é importante quando se fala de dinheiro e investimentos.
Criar riqueza pode ser feito de várias formas. E todas essas formas implicam, de uma forma ou de outra, um q.b. de conhecimento e capacidade de execução. Contudo, a chave para a criação de riqueza é saber controlar as nossas emoções. Sim, é normal termos apego aos nossos investimentos porque efetivamente é o nosso dinheiro que está em jogo. Mas a verdade é que as pessoas tendem a cometer mais erros com os seus investimentos quando se deixam levar pela emoção, e quando deixam de racionalizar uma situação sob a qual não têm nenhum controlo.
Exemplo? O momento pelo qual estamos a passar agora. Os mercados estão no vermelho vermelhão. Isto causa stress, preocupação, angústia. Muitas pessoas não sabem bem o que fazer, têm medo do que o futuro tem reservado para elas. Então tomam decisões precipitadas, fruto das emoções que sentem e não de algum indicador que lhes permita tomar uma decisão informada.
Claro que tudo isto é relativo. Somos todos diferentes, e como reagimos depende de imensos fatores. É justo também dizer que, só porque temos a capacidade para racionalizar o que está a acontecer, isso não signifique que a decisão de mudar algo seja por si má. Adaptar para sobreviver é uma estratégia por si. Mas se alguém chegou a este ponto, então eu sou da opinião que:
Essa pessoa investiu dinheiro que não se podia arriscar a perder;
Essa pessoa avaliou erradamente a sua tolerância ao risco.
São erros normais (e que podem ser facilmente corrigidos), especialmente para quem começou a investir num mercado que, até recentemente, só tem estado a subir. Qualquer erro fora dos dois referidos acima, contudo, é resultado de uma má gestão emocional no que toca ao nosso dinheiro e aos nossos investimentos - mas isto é só a minha opinião, claro.
Este artigo to Darius Foroux, The Stoic Path to Wealth, é perfeito se quiseres perceber melhor sobre o que te falei aqui hoje.
E então?
Onde é que quero chegar com isto tudo? Simples. Sermos obsessivos no que toca aos nossos investimentos serve-nos de pouco. As nossas emoções só nos vão levar a cometer erros. Erros esses que vão resultar de análises infundadas, sobre resultados que não conseguimos controlar. Os mercados são o que são. E nós somos só meros espetadores a ver o jogo passar. O melhor que podemos fazer é sentar-nos, relaxar, e apreciar. Ou, como diz o Nick Maggiulli:
This is how to not panic. You know history. You understand the risks. And, most importantly, you know yourself. Then you let the chips fall where they may. You don’t obsess over the headlines. You don’t try to predict the future. You enjoy your life. You go out with friends and family. You make cherished memories. You laugh. You cry. You remember that things like this happen. And you remember that they will happen again.
Eu, da minha parte, posso dizer que esta filosofia de vida me tem ajudado bastante. Sim, estou atento aos mercados, mas só costumo ir ver como estão os meus investimentos quando vou fazer reforços dos mesmos. Fora isso, se alguém me perguntar quanto estou a perder ou a ganhar, a minha resposta é sempre “Não sei”.
O estoicismo ajudou-me a que me tornasse um melhor investidor. Menos preocupado, mais consciente do que está dentro e fora do meu alcance. Permitiu-me também que ocupasse o meu tempo a focar-me em coisas que realmente importam, que eu posso controlar, e que têm um valor sentimental bastante mais alto para mim. O dinheiro não é tudo. Foca-te no que consegues controlar, “lembra-te que vais morrer”.
Se quiseres perceber melhor porque é que decidi dedicar um artigo à ideia do estoicismo, então vê o vídeo abaixo. Sim, é um pouco longo. Mas, na minha opinião, encapsula muito bem a razão pela qual esta escola da filosofia é tão interessante. Pelo menos para mim. Um bom plano para um domingo à noite.
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Até uma próxima vez - Guilherme
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